Luiz Carlos Borges Luiz Carlos Borges - Chasque a Galope / Dando a Boca Pro Gateado

Eu tava me aprontando pro baile da noite
Mandaram me chamar
Eu tava me aprontando pro baile da noite
Mandaram me chamar
Eu tava me aprontando pro baile da noite
Mandaram me chamar

Encilha o gateado, toque a galope, a velha tá mal
Precisa remédio, não passa de hoje, um pé lá outro cá
Parará, parará, parará, parará
Mas logo hoje na noite do baile
A marica de certo nem sabe da velha
Não vai esperar
Tanto dia pra morrer e logo hoje

Coitada da velha, patroa tão boa
No outro verão quando a castelhana andou por aqui
Me metendo os olhos
Rebolejo pra lá, rebolejo pra cá, rebolejo pra lá
A velha me avisa, cuidado meu filho essa não te serve
É que nem coruja de corredor

Mas do jeito que vamos já fiz uma légua
Não dá pra parar, parará, parará, parará, parará, parará
Parará, parará, parará, parará

A marica tá na baile dançando com quem?
A marica tá na baile dançando com quem?
No ano passado no cuxirão da quebra do milho peguei o
Meu eito do lado do dela
Vontade de tá perto, dizer o que sinto
Vontade de tá perto, dizer o que sinto
Mas não vem

Do jeito que vamos já fiz outra légua
E não dá pra parar, parará, parará, parará, parará, parará
Parará, parará, parará, parará

O cigano chegou vendendo tacho
A marica num vestidinho quase não cabendo
O cigano estaqueado
Olhando demais
Me deu um engasgo
Bicho do diabo, vendedor de tacho
Não sabe nem andar a cavalo?
No outro dia fui na venda e comprei um pano de chita
Tome, faça outro vestido, aquele não te cabe mais?

Nessa hora o baile já pegou
Nessa hora o baile já pegou
A marica tá lá, a gaita se abrindo, o gaiteiro se rindo
Cantando pras moças assim deste jeito
Quando vim da minha terra minha mãe recomendou
Meu fio tu não te casa, que o teu pai nunca casou!

A estrada se estira e a metade já foi
A marica no baile e eu a galope
Convidando o cavalo, vamo gateado véio
Fala nisso, me lembrei do gaúcho da fronteira, tchê
Ala pucha, tia picucha quadra o corpo e vou de lado
O gaúcho da fronteira dê-lhe boca pro gateado

Quando a volante chegou na fazenda
Seu fiscal todo monarca
Intimando: Quero isso! Quero aquilo!
E blocos e papélis
E o patrão atendendo e a raiva crescendo
E o patrão atendendo e a raiva crescendo
Até que não deu
Arrepiou o topete, se arrastou pra fora e puxou dos talher
Na hora do pega o seu fiscal pediu penico
Pelo amor de Deus, não se ofenda, o senhor entendeu mal
Não foi isso que eu disse
Chegou grandão, saiu pequenininho

Mas um upa gateado, que estamos no passo
E não dá pra parar, parará, parará, parará, parará, parará
Parará, parará, parará, parará

Sem de coro marcado chego na vila
Enforco o gateado, cabresto na guela
Pra miorá o fôlego
Bato na farmácia, me atende ligeiro
A velha tá mal, não passa de hoje
Que eu toco de volta, um pé lá outro cá
Parará, parará, parará, parará
Que ainda tem baile, me espera marica
Dá tempo pra um tango
Se o cigano vai, dá tempo pra um mango
Parará, parará, parará, parará

Eu tava me aprontando pro baile da noite
Mandaram me chamar