Ensinaste-me a andar meu rio de infância
Contigo, aprendi a ser paciente
A saber que não se apressam as distâncias
E que nem todos vão ao mar que está na frente
De ti, esta lição de dependência
O aceitar que minhas mãos precisam de outras
Tanto quanto qualquer rio precisa sempre
Da chuva, que é um rio partido em gotas
Saber por que contastes que os remansos
Se quebram pelas quedas e seus tombos
E que, ainda assim, segues cantando
Com a guitarra das canoas sobre o ombro
Aprendi, porque decerto me constaste
Que as mulheres são a luz que nos conforta
Assim como as estrelas são mulheres
Em tua solidão na noite morta
Disseste que ao contrário dos humanos
Os rios não envelhecem nos seus trilhos
E obrigado por também me haveres dito
Que o pai é um rio que segue nos seus filhos