Luiz Carlos Borges Luiz Carlos Borges - Tropa de Osso

De vez em quando no horizonte do passado
Surge uma nuvem de lembranças andarilhas
Vai repontando para dentro do meu peito
A minha infância com seus ossos em tropilha.
Tinha mangueira, companheiro, bem cuidado
Tinha piquetes e um campo onde invernava
A minha tropa era de puro pedigree
Toda de ossos descarnados que campeava.
Gado de osso que foi parte do meu mundo
Carro de lomba e trator de corticeira
O meu bodoque e um banho no açude
Foram na infância minha vida verdadeira.
Tropa de osso quem não teve quando piá
Ou não foi piá ou não viveu como nós outros
Como era lindo a gurizada se entretendo
Com os ossitos que eram bois, ovelhas, potros.
Noutras andanças topa as reses dos meus sonhos
Por um estreito corredor feito esperança
Algumas vezes sou tropeiro, outras sou tropa
Mas sempre guardo os bois de osso na lembrança.